domingo, 28 de novembro de 2010

AVALIAÇÃO

AVALIAÇÃO NA ESCOLA1
Maristela dos Santos Ferreira Stefanello2
RESUMO
O presente artigo aborda assuntos relacionados a avaliação pedagógica, um tema de extrema necessidade para a compreensão da evolução da aprendizagem dos alunos e de fundamental importância para sua evolução acadêmica, pois não há avaliação puramente científica nos estabelecimentos escolares, pois a avaliação na escola é uma prática social que consiste em construir uma representação de seu valor e muitas vezes a metodologia utilizada para avaliar o conhecimento do aluno não condiz com a realidade do mesmo, sendo que em inúmeras ocasiões a avaliação é imposta pelo avaliador como uma ameaça e isto causa uma deficiência no processo ensino e aprendizagem. No entanto, quando a avaliação é realizada com um bom relacionamento entre professor e aluno, esta pode superar muitas expectativas.
Palavras-chave: Avaliação. Tipos de avaliação. Expectativas.

ABSTRACT
This article addresses issues related to educational assessment, a topic of great need for understanding the evolution of pupils' learning and critical for their academic progress, because there is no purely scientific assessment in schools because the school is an assessment social practice which is to build a representation of its value and often the method used to assess the knowledge of the student does not match with the reality of it, and in many cases the assessment is imposed by the evaluator as a threat and this causes a deficiency in teaching and learning. However, when the evaluation is performed with a good relationship between teacher and student, it can overcome many expectations.………………………………………………...

Keywords: Assessment. Types of evaluation. Expectations.

INTRODUÇÃO

A avaliação da aprendizagem escolar, de uma forma geral, se faz presente numa pedagogia dominante para uma sociedade dominante, pois é este o modelo avaliativo que presenciamos, nos dias atuais em nossas escolas.
Entretanto, a avaliação é uma atividade permanente no trabalho do professor, a qual deveria acompanhar passo a passo o processo de aprendizagem do aluno, pois através da avaliação torna-se possível analisar os resultados obtidos pelos alunos, verificando os progressos e as dificuldades. No entanto, os resultados da avaliação são transformados em apenas notas ou conceitos e deixa de assumir o papel de auxiliar o professor em aprimorar seus objetivos e metas.
Contudo, nos dias atuais ao mesmo tempo em que há uma preocupação muito extensa em relação a avaliação de alunos, há também uma falha na abordagem em relação a avaliação pedagógica desses alunos, pois nossos alunos são medidos apenas por uma “nota” sem um patamar significativo, onde seu conhecimento é medido exclusivamente pela média obtida.
Porém, é possível analisar a avaliação de uma forma mais ampla, sendo possível refletir sobre a afirmação de Vasconcellos (1993), o qual aborda em sua obra que, para avaliar deve haver uma interação entre educador, educando e o objeto de conhecimento, pois para o autor o aluno é o sujeito social do conhecimento, o conteúdo é o objeto social do conhecimento e o professor é o mediador social do conhecimento.

COMO AVALIAR?

            Afinal, o que seria avaliação pedagógica numa Unidade Escolar?
 Para muitos professores, avaliar consiste no significado único de responder corretamente as questões elaboradas, com o simples sistema de decorar textos ou uma seleção de questionários elencados com o único propósito de realizar a “prova”, o que tem sido muito freqüente nas escolas, sendo que é comum utilizar nas escolas métodos avaliativos numa visão de transmissão e memorização de informações prontas, na qual o estudante é visto como apenas um ser receptivo.
            De acordo com Perrenoud (1999), avaliar é criar hierarquias de excelência, em função das quais se decidirão a progressão do aluno, sendo que para o mesmo autor, avaliar é também privilegiar o modo de estar em sala de aula e, por conseqüência, no mundo, além de valorizar as formas e normas de excelência, onde se define um aluno modelo , aplicado e dócil para uns, imaginativo e autônomo para outros.
            Já para Libâneo (1994), a avaliação é uma tarefa que não se resume à realização de provas e atribuições de notas, sendo que na visão do autor, a avaliação apenas proporciona dados que devem ser submetidos a uma apreciação qualitativa, uma vez que a avaliação cumpre com funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação às quais se recorre a instrumentos de verificação de rendimento escolar.
            No entanto, para que a avaliação ocorra de forma adequada, ela deve ser vista como uma experiência de vivência múltipla, analisando o desenvolvimento total do educando, avaliando-o como um ser ativo, dinâmico, que participa e que é capaz de ampliar e construir seu próprio conhecimento, pois a avaliação do processo ensino e aprendizagem deve ser realizada de forma contínua, com o objetivo de diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno em relação a programação curricular, priorizando a prática de investigação, buscando identificar os conhecimentos e as dificuldades de cada aluno e não em priorizar apenas o resultado.

TIPOS DE AVALIAÇÃO

            Para tanto torna-se imprescindível que o professor conheça os diferentes tipos de avaliação, analise-as e aprimore-as em conformidade com a realidade de seus alunos e das disciplinas em estudo. Contudo, dentre os tipos de avaliação, podemos analisar a avaliação tradicional, avaliação formativa, avaliação pontual, avaliação final, avaliação normativa, avaliação sumativa, avaliação diagnóstica, avaliação especializada e avaliação aferida. Conhecendo o significado dos tipos de avaliação acima citados, o professor estará preparado para avaliar pedagogicamente o seu aluno, em especial aqui citado neste artigo, o aluno dos anos iniciais do Ensino Fundamental, respeitando a sua realidade e avaliando as alternativas abaixo relacionadas, pois avaliar não se resume no simples ato de atribuir notas e sim no amplo ato de diagnosticar o conhecimento dos alunos e utilizar este diagnóstico para aprimorar as práticas pedagógicas em sala de aula.
            Philippe Perrenoud (1999), defende a ideologia de que se deixe de priorizar o único aspecto da avaliação tradicional, sendo esta a atribuição de um valor ao conhecimento do aluno, e que se passe a valorizar outras esferas importantes do processo de ensino e aprendizagem como a relação de parceria entre professor e aluno na construção do conhecimento.
            Nesta abordagem, Rosado e Silva (2008), aborda em sua obra que na avaliação tradicional, a prova é a única oportunidade que o professor tem para medir o conhecimento do aluno e julgar se ele merece a aprovação ou retenção, sem ter a possibilidade de repassar conceitos descrevendo melhor os detalhes de seu desenvolvimento durante o período letivo.
            O mesmo autor ressalta que na avaliação pontual, o aluno é avaliado de forma isolada, podendo coincidir ou não com a avaliação final, sendo que esta se realizada freqüentemente e pode traduzir uma avaliação contínua.
            Ainda Rosado e Silva (2008), afirmam que na avaliação final concretiza-se um balanço no final de um ciclo de ensino, recolhendo informações para reajustar o processo de ensino e aprendizagem, ou seja, avalia-se o ciclo da aprendizagem do aluno numa visão de início e fim do processo da aprendizagem.
            Contudo os autores acima citados abordam em sua obra que na avaliação normativa, o critério é externo em relação ao indivíduo que aprende e às condições de aprendizagem, sendo a classificação feita por referência a padrões exteriores a essas condições, ou seja, o aluno está exposto ao julgamento do professor.
            Na avaliação formativa acompanha-se permanentemente o processo de ensino e aprendizagem, a qual para Bloom, Hastings e Madaus (1971), na aplicação da avaliação formativa todos os alunos apresentam a oportunidade de aprender numa perspectiva de ensino individualizado, sendo esta, uma avaliação freqüentemente centrada sobre os objetivos particulares e ao mesmo tempo é possível fazer uma analise detalhada em relação a aprendizagem dos alunos.
            Na avaliação sumativa, na opinião de Bloom, Hastings e Madaus (1971), “o julgamento do aluno, do professor ou do programa é feito em relação à eficiência da aprendizagem ou do ensino uma vez concluídos.” (Bloom, Hastings e Madaus. 1971. pp 129). A avaliação sumativa refere-se a classificação, podendo assumir uma expressão qualitativa ou quantitativa.
            A avaliação diagnóstica, segundo Noizet & Caverni (1985), serve para avaliar a capacidade que um aluno possui para freqüentar determinados cursos ou disciplinas e não exclusivamente aos conteúdos educativos, sendo esta uma avaliação externa ao processo de ensino e aprendizagem, apenas com a finalidade de averiguar se os alunos possuem conhecimentos e aptidões para poderem iniciar novas aprendizagens.
            Porém, de acordo com Rosado e Silva (2008), a avaliação especializada se faz por uma equipe inter ou multidisciplinar ou por especialistas numa determinada área, geralmente por psicólogos, médicos, terapeuta ou professor especializado, os quais avaliam o aluno após ter sido efetuado o “depósito” de necessidades educativas específicas pelos próprios professores, sendo necessário uma programação individual.
            Já na avaliação aferida, de acordo com as concepções de Fernandes (1994), o aluno é avaliado por fatores externos a escola, ou seja, a avaliação pode ser feita pelos pais ou pelo Conselho Escolar, sendo que o professor elabora as avaliações, prepara os gabaritos de correção, mas não as corrige, sendo esta responsabilidade de pessoas externas ao ambiente da sala de aula. Nesta avaliação, todos os alunos, independente de sua realidade são expostos as mesmas avaliações e são corrigidas com os mesmos procedimentos e critérios.
            Desta forma, diante do exposto é imprescindível que haja discernimento ao avaliar o estudante, para que assim, realmente ocorra uma avaliação precisa e significativa, pois não basta apenas medir o aprendizado dos estudantes, atribuindo-lhes uma pontuação, é necessário garantir que eles tenham avanços significativos nos conteúdos propostos após a avaliação realizada, pois caso contrário a avaliação o excluirá do direito de progredir.
            Entretanto, a escola que avalia significativamente deve discutir o motivo de repetências e constantes notas abaixo da média proposta pelo sistema de ensino em conjunto com toda a equipe escolar, aprimorando a metodologia utilizada para a avaliação, não se preocupando em avaliar o estudante apenas para a obtenção de uma média, pois desta forma, o professor já antecipa que não acredita na capacidade de seu aluno e relaciona, mesmo que inconscientemente, a avaliação com a atribuição de notas.
            Porém, o estudante necessita de uma avaliação significativa, que auxilie o professor em seus novos objetivos ou em suas metas traçadas. Contudo, cabe ao professor buscar o aprimoramento relacionado ao seu conhecimento no que diz respeito a avaliação e preparar uma boa avaliação, ou seja, aquela avaliação preparada para diagnosticar a real necessidade acadêmica de seus alunos, em que todos os alunos aprendam a analisar a sua própria produção de forma crítica e autônoma, voltada para o fato do aluno expor o que aprendeu.
            Nesta concepção, a avaliação é possível ser realizada como um processo de ensino e aprendizagem, uma vez que exige do professor, apenas um aprimoramento de seus conceitos relacionados ao termo “avaliação”.

CONSIDERÇÕES FINAIS

A avaliação significativa só ocorrerá quando o professor compreender que avaliar não se resume em classificar ou selecionar os alunos mediante o seu quantitativo e sim  que se avalia o que se ensina e o que se aprende, pois é somente neste contexto que será possível avaliar para conhecer melhor o aluno e como conseqüência, ensinar melhor.
A avaliação deve contribuir para o avanço acadêmico dos estudantes, envolvendo e unificando professores e alunos num único propósito: o avanço acadêmico de cada um, respeitando e assumindo as diferenças, pois esta é a verdadeira busca da qualidade do processo ensino e aprendizagem.
Todavia para abordar as características significativas, a avaliação tem como finalidade conhecer e compreender as diferenças na sala de aula, constatar o que está sendo aprendido pelos estudantes através da metodologia utilizada e adequando-a quando necessário, além de adequar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes como um todo e àqueles que apresentam dificuldades, avaliando desta forma, globalmente o processo de ensino e aprendizagem, observando que a avaliação não se inicia e tampouco termina na sala de aula, pois a avaliação exige planejamento e compreensão do ato de avaliar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BLOOM, B., Hastings e Madaus (1971). Handbook on Formative and Sumative Evaluation of Student Learning. New York: McGraw-Hill Book Company. (Manual de Avaliação Formativa e Sumativa do Aprendizado Escolar. São Paulo: Livraria Pioneira Editora).
FERANDES, D. A avaliação das aprendizagens: das prioridades de investigação e de formação às práticas na sala de aula. Revista Educação, 8, 15-20. 1994.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
NOIZET, G.& CAVERNI, J. Psicologia da avaliação escolar. Coimbra: Coimbra Editora. 1985.
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. ArtMed, 1999.
ROSADO, Antonio & SILVA, Catarina. Conceitos básicos sobre avaliação das aprendizagens. Disponível em http://home.fmh.utl.pt/~arosado/ESTAGIO. Acesso em 09/04/2008.
VASCONCELLOS, C. dos S. Construção do Conhecimento em sala de aula. Cadernos Pedagógicos do Libertad, São Paulo. 1993.